domingo, 19 de agosto de 2012

A "Bolha Colorida"

A "Bolha Colorida"
W.Faria

Algumas pessoas com as quais converso parecem ter saído de um livro de contos de fadas no qual a vida é colorida e existem apenas pessoas confusas, nunca com propósitos egoístas, pelo mundo afora, triste começo.

É preciso entender que quando se deixa o tempo passar imaginando um futuro milagroso e cheio de heróis para lhe salvar é basicamente viver em uma realidade oriunda de um universo infantil, no qual a figura do herói tem semelhança com a figura paterna, que sempre é acionada para resolver todas as problemáticas nesse período e quando essa 'fase' não é bem solucionada ainda no período juvenil cria-se uma bolha na qual o indivíduo se abriga e quando ela estoura, já na vida adulta, todas as questões que foram iniciadas na infância e sofreram essa pausa (que pode ter sido feita pelo fato de que o indivíduo é obrigado a tomar decisões importantes ainda na fase de formação de valores, como exemplo para isso posso citar a entrada em um relacionamento prematuro, um casamento muito cedo, filhos ainda na fase adolescente/infantil, divórcio dos pais, falecimentos, enfim muitos são os casos que criam essa pausa na evolução da personalidade) todas as questões que foram iniciadas na infância e sofreram essa pausa são lancadas a tona, como medo de falar em público, medo do escuro, insegurança para com relacionamentos, problemas com autoestima e várias outras questões que colocam em cheque qualquer tipo de experiência futura.

Para que esta "Bolha Colorida" seja rompida com segurança é preciso que os responsáveis ou quem esteja fornecendo o plasma necessário para a confecção da mesma tomem ciência de que "cair e se machucar" faz parte da evolução e que a superproteção é um entorpecente e cria vícios assim como qualquer outro composto químico.

Para aqueles que acabam de romper esta bolha e perceberam que o mundo real é doloroso e não existem pessoas 100% boas e caridosas devemos orientar sim, acolher sim, mas nunca privá-los da dor pois os anticorpos necessários não obtidos na infância estão sendo adaptados pelo organismo agora. Neste caso, o instinto primário do ser humano, sejam amigos ou familiares, é o de proteção absoluta da espécie, oque acaba resultando na criação de uma nova "Bolha" pois assim como para um alcoólatra uma só gota de álcool já inicia um processo químico para aqueles que viveram essa "Bolha Colorida" também funciona da mesma forma. Carinho não é nada parecido e não pode ser confundido com superproteção pois uma só frase como "nada vai dar errado, fique calmo" pode soar como um "o mundo é colorido novamente, respire aliviado" para a vítima da Bolha. É preciso sofrer sim, é preciso dizer que no mundo existem pessoas com propósitos egoístas sim e existem pessoas que sentem prazer em assassinatos, estupros e muitas outras coisas terríveis por aí a fora, afinal todos esses casos tem indício patológico e em quase todos questões infantis não tratadas.

Portanto, se alguém lhe disser, "O mundo está mais difícil agora que sou grande" é hora de dizer "Sim amigo, ainda bem que você percebeu, mas entenda que ele sempre foi assim, você apenas está enxergando o mundo de verdade agora." 

O Mundo não é um conto de fadas e você não é um herói ou a vítima do mundo, afinal quem vive na bolha é vítima do meio (proteção exagerada) mas isso desencadeia o processo da zona de conforto e faz com que o indivíduo se aceite vítima, oque faz com que ele deixe de ser vítima, passando então para testemunha e posteriormente pode vir a se tornar co-autor do próprio extermínio.

Não seja cúmplice do medo, encare sua vida como um livro escrito por você e somente você, o "Vitimismo "  é um mau que pode ser curado, mas para isso é preciso coragem de aceitar, com ou sem o apoio do outro, que o mundo não está contra você, é você que pode estar jogando contra sua própria felicidade e ainda anda esperando por um "príncipe em um cavalo branco" (uma solução repentina, como ganhar na loteria ou algo assim.)

Não existem contos de fadas, existem "fadas" e "fodas", as fadas são as coisas que lhe aprisionam no imaginário e as fodas lhe trazem para o real.

É hora de decidir de que lado está e quando colocar a vida na balança vai entender que não existe outro lado para estar senão do seu próprio lado, isso não é egoísmo, é autopreservação.


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